Bem Vindo! Você é o Principal Motivo Deste Blog Existir
.

quinta-feira, abril 08, 2010

Olimpíadas de 2016 A festa é grande, mas os benefícios para o povo são questionáveis

A escolha do Rio como sede das olimpíadas tem sido vendida como solução para o país, mas realidade não é bem assim

Foto de
O palco já está sendo montado para o maior evento esportivo do mundo. Ainda faltam sete anos para a realização dos jogos olímpicos do Rio de Janeiro, mas a postura dos governos é manter o clima de festa, principalmente às vésperas de ano eleitoral.

Entretanto, passada a euforia inicial, fica o questionamento sobre quem, de fato, vai se beneficiar do evento.

Para os mais otimistas (e os oportunistas), a olimpíada poderia resolver os problemas do Rio. Como se num passe de mágica, os males que afligem a cidade, como a violência, desaparecessem e ainda melhorassem os serviços públicos e a infra-estrutura.

Em seu podcast na Folha Online, no dia da escolha do Rio, o jornalista esportivo Juca Kfouri disse que o anúncio era um sonho que se tornou realidade graças ao trabalho da delegação brasileira.

“Mas foi um verdadeiro show, uma vitória da ficção. Nós vamos cobrar todas as promessas e vamos ficar chupando o dedo enquanto eles não cumprem, como não cumpriram no Pan em 2007. Daqui a pouco vai começar a realidade e aí muitos dos que estão festejando vão começar a chiar”, disse o jornalista.

Segundo ele, antes mesmo do anúncio da cidade sede, foram gastos pela organização dos jogos mais de R$ 100 milhões de dinheiro público.

Juca enumerou ainda as promessas feitas e não cumpridas para o Pan no Rio. “Não despoluíram a Baía da Guanabara, a Lagoa Rodrigo de Freitas, não fizeram metrô até a Barra e agora vem isso de novo. Por isso, enfatizo, foi um belíssimo show, é pura ficção o que nós vimos, mas tem sido assim a vida do brasileiro”, disse.

SUPERFATURAMENTO

Segundo dados do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), os investimentos para realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 devem chegar à casa dos R$ 28 bilhões.

Entretanto, tudo pode mudar como já mostrou a realidade.

Os Jogos Pan-americanos de 2007, também realizados no Rio de Janeiro, tinham no orçamento inicial logo após o anúncio em 2002, o valor de aproximadamente R$ 524 milhões.

Pouco antes do início das disputas, os governos federal, estadual e municipal divulgaram que os gastos ultrapassaram os R$ 3,5 bilhões, um aumento de mais de 450% do orçamento de cinco anos antes.

Tudo sob denúncias de superfaturamento, sem contar a repressão ao povo pobre carioca.

“Se o Pan foi aquela coisa horrorosa de gastança de dinheiro público, imagina então o que vai ser da Olimpíada. E o que houve de melhoria estrutural depois do Pan? O trânsito no Rio está cada vez mais caótico, os hospitais são ineficientes, a rede hoteleira idem", questionou Alberto Murray Neto, do Tribunal Arbitral do Esporte e ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Buscando evitar que o mesmo não aconteça nas realizações da Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016, o Ministério Público do Rio de Janeiro criou, de forma inédita, uma Comissão Especial, formada por promotores e procuradores da Justiça, para acompanhar de perto todas as ações em torno dos dois eventos.

QUEM GANHA
Em entrevista sobre o tema, o coordenador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Itamar Silva, disse que “sem dúvida, o Rio de Janeiro vai ganhar com as Olimpíadas. A questão é “quem” e “o quê” vai ganhar.

“Não podemos deixar de recorrer a uma memória recente: o Rio sediou os Jogos Pan-americanos, em 2007, e o discurso era que haveria um grande investimento na cidade, com construção de um “legado social”. O que vimos foi “mais do mesmo: investimentos grandes na área da Barra da Tijuca, ganhos para o mercado imobiliário e pouca atenção voltada para a maioria da população, em investimentos em transportes, valorização de áreas degradadas. Contraditoriamente, houve pressão sobre os mais pobres”, disse.

Ainda segundo o pesquisador, a história dos grandes eventos no mundo mostra que eles deixam mais problemas que soluções.

“Todas as grandes cidades por onde as Olimpíadas passaram ficaram com um buraco. Fala-se muito de Barcelona, mas a questão é que há um investimento continuado de quase 20 anos. Atenas tem um buraco enorme, além de déficit financeiro, existem fantasmas, grandes equipamentos sem uso. Aqui, temos exemplos como o Parque Aquático Maria Lenk, que está em desuso por não ser bem-planejado. Poderiam ter sido planejados investimentos em natação para muitos adolescentes e jovens, mas isso não ocorreu. É preciso mudar a lógica, mudar a concepção”, concluiu.

http://www.sindmetalsjc.org.br/