Neide Martingo
Os árabes consolidaram a vocação comercial da região. E os descendentes tentam manter a tradição.
Os donos dos negócios na 25 de Março atualmente são das mais diversas nacionalidades – com destaque para os orientais – mas os descendentes dos primeiros árabes ainda se sobressaem, adaptando-se ao perfil dos fregueses e enfrentando as dificuldades. Algo parecido com o que acontecia no começo. Quando os imigrantes chegaram, a região fazia parte da várzea do Rio Tamanduateí – poucos sabem, mas daí vem o nome da Ladeira Porto Geral. A área era pouco valorizada e os imóveis tinham preços acessíveis aos recém-chegados comerciantes. Estima-se que, até 1920, tenham se estabelecido no Brasil cerca de 60 mil árabes, sendo 40% em São Paulo.
Tradição – A loja mais antiga é a Doural. Foi fundada pelo imigrante sírio Assad Abdalla na Ladeira Porto Geral. Mas, desde 1905, a empresa, especializada em artigos para casa, está na Rua 25 de Março. E ela acompanha a mudança da clientela – afinal, cada vez mais consumidores de poder aquisitivo alto frequentam a região. Quem vai à Doural ainda encontra uma infinidade de produtos para decoração, utensílios de cozinha, de cama, mesa e banho de marcas populares. Mas a loja hoje também tem peças de grifes sofisticadas como Staub (panelas francesas) e Zwilling (facas alemãs), além de refinadas máquinas de café e itens para cozinhas gourmet.
A Doural aparece como forte representante dos primeiros comerciantes da região, mas a imagem contemporânea da 25 de Março também tem outros protagonistas. É praticamente impossível caminhar pelos arredores sem ver sacolas e mais sacolas com o logotipo da Armarinhos Fernando. E não é à toa, pois lá tem de tudo – material escolar, cutelaria, armarinhos, utilidades domésticas, brinquedos e artigos para artesanato, entre muitos outros.
Turismo – E nem só de vendas vive a rua. A fama atingiu tal ponto que há quem chegue ao local com a câmera preparada para registrar o "passeio". Como a auxiliar de cozinha Andrezza Damas de Oliveira Silveira, da cidade de Ribeirão Preto. Em recente visita à região, ela comprou bijuterias e lingerie e fez poses para as lentes do fotógrafo de plantão – seu marido, o operador de monitoramento Gil Oliveira Silveira. "Eu sonhava com o dia de vir aqui. E é mais do que esperava. Os preços são bons. O único problema é o excesso de pessoas."
Isso não é problema para a dentista Cynthia Rolim, que veio de Santos. Ela segue os passos da mãe, que há 50 anos não abre mão das compras na "25", como a região é carinhosamente chamada pelos clientes fiéis – já há décadas.
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